segunda-feira, 10 de agosto de 2009

O Teatro, a Cultura e a Educação

O teatro, a cultura e a educação

(Artigo publicado no Jornal Folha do Litoral, dia 24 de outubro de 2008)

O teatro surgiu no mundo como um rito aos deuses. Na Grécia antiga Téspis elevou-se em uma carroça com uma grossa túnica e afirmou: “Eu sou Dionísio”. Ele ficou conhecido como o primeiro ator da história.
O teatro não começou com a atuação de Téspis, mas sim quando o homem das cavernas, por exemplo, se vestia com couro e galhos de árvores, fingindo ser um animal para facilitar a sua caça, e aquele que queria demonstrar a sua família em forma de mímica como foi a caçada. Tudo encenações.
O teatro está presente em toda nossa vida. Nós mesmos somos atores sem precisar estar no palco. Quem nunca contou uma mentira na escola, no trabalho, para os amigos, para a família?
Um assunto considerado chato na escola, como uma aula de história, ou outra disciplina. Se colocar um dedo de dramaturgia, podemos transformar a cansativa leitura dos livros, em divertidas encenações adquirindo aprendizado.
A maior parte dos alunos tem como objetivo terminar a aula logo, para ir para casa assistir o final do desenho, ou a novelinha jovem no final de tarde. O desinteresse tem aumentado a cada ano. Alguém já parou para pensar, onde o país vai parar com tamanha falta de cultura?
Os professores de literatura e os bibliotecários sabem perfeitamente que os livros são mais lidos pela poeira das estantes. Falar de Shakespeare com determinadas pessoas é como se falasse japonês. Tem gente que nem sabe que “Romeu e Julieta” foi escrito por ele. Já no nosso país, muitos não conhecem Nelson Rodrigues e seu teatro maravilhoso. Perdem muito em não ler “Vestido de Noiva”.
Maria Clara Machado, uma grande dramaturga que fica esquecida no tempo. Suas personagens fascinantes que tanta alegria fez ao mundo.
A falta de cultura não alcança somente nossa cidade. A televisão, por exemplo, antes era um meio de transmissão de grandes obras, agora é apenas comércio. Grandes atores que escreveram seus nomes na história do teatro brasileiro: Nathália Timberg, Cleyde Yáconis, Paulo Autran, Fernanda Montenegro, Laura Cardoso e mais uma grande parte de “senhores” atores, são simplesmente esquecidos pelo público, da mesma forma que suas grandes interpretações.
O professor continua sendo o principal portador do poder. Ele pode induzir seus alunos a sua disciplina e cultura. Por que um professor de matemática não pode incentivar um aluno a ler Cecília Meireles? Ou o de Biologia não pode sugerir um aluno a ver a pintura de Tarsila do Amaral? O professor tem que ser exemplo para os alunos se espelharem, ensinando o que aprendeu na faculdade e na vida. Infelizmente ou felizmente.
A escola é o lugar onde o ser humano passa a maior parte dos seus anos iniciais. Nesse lugar ele tem que encontrar uma base, que talvez uma família humilde não tivesse como lhe dar por falta de conhecimento.
É importante que o professor trabalhe com filmes bons, e peças também. Por que não?
O teatro é a arte mais viva que existe. Quando está acontecendo um espetáculo podemos sentir o cansaço dos atores, ver erros e improvisações, sem os cortes que a tv e o cinema nos privam.
O que seria da educação sem literatura? O que seria da literatura sem Shakespeare? O que seria de Shakespeare sem o teatro? O que seria do teatro sem a vida? E o que seria da vida sem o teatro?

Texto: Fábio Aiolfi
Ator, diretor, dramaturgo e instrutor teatral.

Um comentário:

Edinan Almeida disse...

nao consigo imaginar o mundo sem a cultura...